De que vale a grandeza da espiritualidade diante da mediocridade de uma vida mal vivida? Admirar não faz ás vezes do viver e nem dá a experiência necessária para isso. Espiritualidade, ou a falta dela, não é o mundo, mas somos nós mesmos. Somos nós que a fazemos, tornando-nos melhores do que somos.
Procurar ser melhor não é por comparação com os outros, mas buscando dentro de nós o que de melhor ainda podemos realizar. Por isso tenho que pensar no que penso, para viver o que vivo.
Primeiro admirar, depois fazer; isto é progresso. Não há o que substitua a espiritualidade quando o termo é evoluir. Espiritualidade é rigor e seriedade, sem isto não nos tornamos espiritualistas. Não há destino espiritual, mas mais dia menos dia, a vida tornará todos nós espiritualizados. Temos que pensar até ao extremo para aprender as lições. Nós aprendemos e ensinamos, mas quem pode ensinar sem aprender? quem pode dar lições de espiritualidade sem ser espiritualista? A ilusão é um grito no vácuo da vida; para sermos é preciso ser.
O crescimento espiritual, imprescindível à nossa evolução, é um processo de despertar interior e de desapego e por isso difícil de vivenciar, pois deixamos para trás muitas coisas que tínhamos como importantes e fundamentais em nossa vida material. A abertura de visão para outras realidades, antes tão distantes de nossas aspirações, nos traz o medo de perdermos situações concretas com as quais nos sentíamos sintonizados, com a vida estruturada em bases sólidas e materiais e coisas que podíamos ou não fazer de acordo com nossa vontade, que tínhamos como “controlar” emocionalmente.
Além de recearmos as situações das quais não possuímos o conhecimento real, ficamos temerosos de enfrentar compromissos que nos desviem de nossa vivência material. Queremos fazer alguma coisa em prol de nossa abertura espiritual, de nosso crescimento interior, mas, ao mesmo tempo, queremos nossa vidinha sossegada, rotineira, junto dos nossos entes queridos. Mas, quando nossas necessidades espirituais alcançam um patamar mais elevado em relação às materiais, o crescimento espiritual de nosso ser é inadiável, pois, as situações que antes nos bastavam tornam-se insuficientes para nos proporcionar a alegria e realização a que aspiramos. Aí, queremos algo mais: queremos e almejamos que essas luzes propulsoras de nosso avanço espiritual nos preencham e guiem nossas vidas, impulsionando-nos para frente.
A vantagem de aprendermos com os grandes espiritualistas é que eles nos ensinam a pensar, e quem aprende a pensar tem consciência de si mesmo, aprende a transformar o saber em sabedoria e a arte de pensar na arte de viver.
A espiritualidade não é um sucesso a ser conquistado, mas um caminho a ser seguido por todos nós, independentemente da maturidade que já tenhamos conquistado. Todos nós temos que caminhar por ele, pois a espiritualidade tem que ser igual para todos, e a vida no planeta Terra nos conduz a isto. Somos crianças no pré-primário da espiritualidade, mas nos consideramos doutores nela. Esse é o nosso grande erro, nossa grande cegueira, a qual precisamos corrigir urgentemente; é o que falta ao ser humano, é o que falta no planeta.
Se há a esperança de sermos melhores espiritualmente em nosso futuro, não podemos esquecer que vive em nós a espiritualidade do nosso passado. É preciso sempre recomeçar. Não existe espiritualidade sem o ser humano, mas também não se percebe a sua falta sem a presença dele.
Ser espiritualista não é desvalorizar a matéria e supervalorizar o espírito. Se estamos em uma escola onde ambos convivem juntos, é porque precisamos da primeira para aperfeiçoarmos o segundo.
**************************************************************************************************************
UMA METÁFORA MUSICAL
Uma reflexão para essa realidade pode nos fazer entender da seguinte forma: suponhamos que queremos tocar um instrumento musical, por exemplo, um piano. Nós podemos saber de qual material é feito e quais as peças que o compõem, mas também podemos ignorar, porque não é esse conhecimento que nos tornará pianistas. O que realmente precisamos aprender são as notas musicais, quais as teclas correspondentes a elas, os bemóis, os sustenidos, as oitavas, a mescla sonora de duas notas tocadas simultaneamente etc.
Aprendemos uma teoria inicial abstrata, intelectual, (mental), que se tornara real através de um aparelho material (o piano). A princípio, mesmo que tenhamos dominado a teoria, a sua realização física é extremamente difícil. Vamos precisar de muito treino, muitas repetições e consequentemente cometeremos muitos erros, os quais deveremos corrigir.
Somente com muito tempo, muita dedicação e muita perseverança,podemos ir melhorando nossas qualidades. Chegará então o tempo, depois de muita prática, em que conseguiremos executar nossa sinfonia de “olhos fechados”, nos deliciando, nos embalando na sonoridade da melodia. As ações para executá-las são materiais, mas o prazer de senti-la é espiritual. É a matéria sendo o elemento de elevação espiritual. É ela nos ensinando os degraus das emoções, dos sentimentos.
Você consegue perceber essa relação entre seu corpo (a matéria, o piano) e sua vida (o espírito, a sinfonia)? Consegue executar bem sua sinfonia? Permite que a vida ou que estranhos alterem sua partitura, seu ritmo, suas notas musicais? Repassa-a todos os dias como se fosse um ouvinte externo? Ela o eleva a outras dimensões, ou o faz rastejar pelo solo? Pode torná-la melhor? Pode aprimorá-la? Um ouvinte externo poderia também apreciá-la? Ela tem o poder de incentivá-lo a querer também compor a sua? Ela envolve os que a escutam? É suave nos momentos de suavidade e vibrante nos momentos das ações? É um som no silêncio e um silêncio no som? Uma sonoridade que se materializa em nossas ações? Pode fazer parte de uma sinfonia maior sem desafinar? É um grito de espiritualidade? É um grito de alerta?
A vida é para ser vivida em sua plenitude. Não vamos nos fechar , achando que devemos ter postura rígida e severa com todas as coisas desta vida material ,só porque queremos ser espirituais. Iniciemos o desapego, principalmente, em nossa rotina material encarando-a não como a mais importante, mas sim, valorizando os ensinamentos que os acontecimentos bons ou ruins de nossa vida nos trouxeram e ainda trarão. Com a sintonia espiritual em outro patamar, enfrentaremos melhor as situações da vida, como por exemplo, a perda de alguém querido, as frustrações, o medo de alguma coisa ou de algum imprevisto que possa nos atingir.
Perderemos o receio de nos mostrarmos como somos realmente e vamos nos desfazendo das máscaras que, durante tanto tempo, carregamos por não estarmos ainda na sintonia do nosso Eu verdadeiro. Aquele medo do que pensem da gente se fizermos ou agirmos de determinado modo, vai perdendo a força. Nós já superamos o medo do “julgamento” dos outros ,tão comum em nossas vidas e que nos tolhem tanto nas ações para o bem.
As coisas puramente materiais vão perdendo o valor como coisas fundamentais em nossas vidas e, ao nos desapegarmos, vamos jogando fora muitas limitações e, assim, nos sentiremos mais leves, pois já não carregaremos tantas máscaras. O crescimento não quer dizer isolar-se como seres “especiais” que, por visualizarem realidades mais abrangentes, não se sentem mais dispostos a vivenciarem as coisas comuns da vida material.
O nosso crescimento se fortalece é na luta diária, enfrentando nossos fantasmas, medos, ideias arraigadas, pensamentos restritos e, assim, aprendemos a sair mais fortes de frustrações e de perdas. Quando chegamos a esse patamar que é o DESPERTAR, vemos que os sentimentos negativos já não se demoram tanto em nosso Ser que, sem o orgulho, a inveja e o personalismo, nos sentiremos mais fortes e felizes interiormente.
Não sobrecarregue os teus dias com preocupações desnecessárias, afim de que não percas a oportunidade de viver com alegria.Chico Xavier pelo espírito de André Luiz
***************************************************************************************************************
Bibliografia para consulta
Posts relacionados;A voz do nosso Interior-O propósito da sua Existência E Crônicas Espiritualistas-Ajustando os sentidos espirituais
Divulgação: A Luz é Invencível
Pingback: O Materialismo Espiritual – Abrindo sua mente para encontrar o Mestre – 14.04.2016 | Senhora de Sírius
Pingback: O Materialismo Espiritual e o Ego – 2ª Parte – 18.03.2016 | Senhora de Sírius
Pingback: O Materialismo Espiritual – Prólogo – 11.03.2016 | Senhora de Sírius